Após andar 3.000 km durante 4 meses, peregrino do Ceará chega ao Rio e quer encontro com papa
Feitosa carrega apenas uma mochila com poucas roupas, alimentos não perecíveis e água. O peregrino é casado e tem dois filhos
Ao UOL, o ex-funcionário de uma fábrica de cocos --que pediu demissão para encarar a caminhada, que completou quatro meses-- contou nesta quarta-feira (17) que segue pela estrada Rio-Magé, na altura de Xerém, em Duque de Caxias, e deve chegar até o final do dia ao centro do município da Baixada Fluminense, onde passa a noite.
Para Feitosa, um sonhado encontro com o pontífice na capital "cada vez mais se torna uma realidade". O cearense está sendo acompanhado à distância pela equipe do comitê-organizador da JMJ e espera receber um convite do arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, para conhecer o chefe da Igreja Católica.
TOUR PAROQUIAL
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Feitosa leva consigo uma carta de recomendação escrita e assinada
pelo pároco da Paróquia Nossa Senhora do Livramento, em Trairi, José
Cleonor Magalhães Soares, para pedir hospedagem nas paróquias das
cidades pelas quais passa
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No verso da carta, o cearense acumula carimbos das paróquias.
Segundo ele, o ritual é uma forma de materializar a peregrinação que
teve início no dia 14 de março
De acordo com o planejamento do peregrino, a caminhada final em direção à Catedral Metropolitana de São Sebastião, no centro do Rio, deve ser finalizada por volta das 17h desta quinta. Feitosa deve ser recepcionado com festa pelos integrantes da caravana de Trairi.
O fim da peregrinação vai ocorrer três dias depois da data prevista inicialmente por Feitosa, que, ao sair a pé do Ceará, pretendia chegar ao Rio no dia 15 de julho. Segundo ele, as chuvas e o cansaço foram os fatores que mais atrapalharam:
"Eu levei um pouco mais de tempo por causa da chuva e do cansaço. Em Petrópolis, na descida da serra, eu me machuquei um pouco. Tive que parar para descansar e lavar algumas roupas. Ainda estou com um pouco de dor na perna", disse.
Dificuldades
Para Feitosa, caminhar por estradas e rodovias esburacadas, desertas e mal sinalizadas foi o grande "sacrifício" da peregrinação. "As condições das estradas não favorecem. Mesmo caminhando pelo acostamento, sempre tem gente [em referência aos motoristas] passando muito perto. O clima é de insegurança, mas a gente segue em frente", afirmou.O peregrino disse ainda ter pego caronas para percorrer alguns trechos, porém apenas em situações nas quais não tinha condições físicas ou mentais para seguir adiante. No dia seguinte, disse o cearense, preocupava-se em retornar ao ponto onde havia pego uma eventual carona para dar sequência à peregrinação.
"Seu eu pegar a carona vou marcar onde eu estou pegando aquele transporte. Depois retorno e faço o percurso a pé. Pode ser que algumas pessoas tenham me visto em algum carro ou caminhão, pois às vezes a condição humana não te permite caminhar, por algum cansaço ou dor. Mas eu sempre volto", explicou ele.
Feitosa deve ficar hospedado em convento na região central da cidade. "Não conheço nada no Rio de Janeiro. Nunca tinha saído do Ceará", disse.
De acordo com o peregrino, que carrega apenas uma mochila com poucas roupas, alimentos não perecíveis e água, a maioria das pessoas que ele conheceu pelo caminho foi solidária em relação ao fornecimento de comida, hospedagem e suprimentos. "Isso nunca me faltou. Acho que 80% das pessoas que eu conheci foram muito solícitas", afirmou ele, que é casado e tem dois filhos.
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