A lenda de São Cipriano - O Feiticeiro, confunde-se com a de São Cipriano de Cartago, santificado pela Igreja Católica, que ficou conhecido como o “Papa Africano“. Apesar do abismo histórico que os afasta, as lendas combinam-se e os Ciprianos, muitas vezes, tornam-se um só na cultura popular. É comum encontrarmos fatos e características pessoais atribuídas equivocadamente. Além dos mesmos nomes, os mártires coexistiram, mas em regiões distintas.
São Cipriano – O Feiticeiro
A fantástica trajetória do Feiticeiro e Santo da Antioquia (de quem falaremos), representa o elo entre Deus e o Diabo, entre o puro e o pecaminoso, entre a soberba e a humildade. São Cipriano é mais que um personagem ou um livro de magia; é um símbolo da dualidade da fé humana. Filho de pais pagãos e muito ricos, nasceu em 250 d.C. na Antioquia, região situada entre a Síria e a Arábia, pertencente ao governo da Fenícia. Desde a infância, Cipriano
foi induzido aos estudos da feitiçaria e das ciências ocultas como a
alquimia, a astrologia, a adivinhação e outras diversas modalidades de
magia.
Após muito tempo viajando pelo Egito, Grécia e outros países, aperfeiçoando seus conhecimentos, aos trinta anos de idade Cipriano chega à Babilônia, a fim de conhecer a cultura ocultista dos Caldeus . Foi nesta época que encontrou a bruxa Évora, onde teve a oportunidade de intensificar seus estudos e aprimorar a técnica da premonição, acima de tudo. Évora morreu em avançada idade, mas deixou seus manuscritos para Cipriano,
os quais foram de grande proveito. Assim, o feiticeiro dedicou-se
arduamente, e logo se tornou conhecido, respeitado e temido por onde
passava.
O Livro de São Cipriano
é um grimório publicado em diversos países, inclusive no Brasil pela
Editora Eco, do Rio de Janeiro. A obra contém diversos rituais de
ocultismo, mais especificamente magias (branca e negra), com múltiplas
finalidades, benéficas e maléficas, inclusive para o cotidiano. Hoje, o livro é uma verdadeira coleção, onde todos afirmam ser os verdadeiros livros de São Cipriano, mas, na verdade, São Cipriano só escreveu um: O Livro de São Cipriano de Capa Preta.
Cipriano, o feiticeiro, é
celebrado no dia 2 de outubro. Mesmo dedicando boa parte de sua vida ao
estudo das ciências ocultas, após deparar-se com a jovem Justina, converteu-se ao cristianismo. Martirizado e canonizado, sua popularidade cresceu devido ao famoso Livro.
O Antigo e Verdadeiro Livro Gigante de São Cipriano – Capa Preta 600 Pagínas
O famoso Livro de São Cipriano
foi redigido antes de sua conversão. Grande parte de seus manuscritos
foi queimada por ele mesmo. A questão é que, não se sabe quando, e por
quem os registros foram reunidos e traduzidos do hebraico para o latim, e
posteriormente levados para diversas partes do mundo.
No decorrer dos anos, o conteúdo sofreu
alterações significativas, além da adequação necessária na tradução para
os vários idiomas. Esses fatores colocam em dúvida a fidelidade das
versões recentes, se comparadas às mais antigas.
Atualmente, não é possível falar do Livro, mas sim Dos Livros. As edições capa preta e capa de aço, ou aquelas intituladas como “o autêntico”, “o verdadeiro” ou “o único”,
enfatizam um mesmo acervo mágico central, e ainda exaltam o
cristianismo e a vitória do bem sobre o mal. Porém, existem grandes
diferenças no conteúdo. Enquanto alguns exemplares apresentam histórias e
rituais inofensivos, outros apelam para campos negativistas e
destrutivos da magia, chegando a ser taxados de “A bíblia do diabo”.
Num aspecto geral, encontram-se
instruções aos religiosos para tratar de uma moléstia, além de
cartomancia, esconjurações, rituais, invocações e exorcismos.
A Oração da Cabra Preta, Oração do Anjo Custódio e outras da crença popular também são inclusas (Magnificat, Cruz de São Bento, Oração para Assistir aos Enfermos na Hora da Morte etc.). Além dos rituais de como obter um pacto com o demônio, como desmanchar um casamento e a caveira iluminada com velas de sebo, o livro, tanto nas edições capa preta quanto capa de aço, trazem em seu conteúdo magias como O poder de ficar invisível, Como se livrar de um inimigo, Encanto para criar um diabinho e ter tudo que deseja, Diabo na garrafa, Feitiços para amor não correspondido, Como forçar marido ou esposa a ser fiel, Encantos para ter qualquer mulher, Magias para afastar pessoas e coisas de você, Encantos para trazer “ex” de volta, Metamorfose em outros seres ou pessoas entre muitos outros.
Há ainda os mitos que o cercam: muitos
consideram ser pecado mortal possuí-lo ou simplesmente tocá-lo. De
qualquer forma, o tema São Cipriano e tudo que o cerca, é um campo de estudo e pesquisa muito interessante para ocultistas, religiosos, aventureiros ou apenas curiosos, mesmo.
A Conversão Cristã
Vivia em Antioquia a bela e rica donzela Justina. Seu pai Edeso e sua mãe Cledonia, a educaram nas tradições pagãs. Porém, ouvindo as pregações do diácono Prailo, Justina converteu-se ao cristianismo, dedicando sua vida as orações, consagrando e preservando sua virgindade.
Um jovem rico chamado Aglaide apaixonou-se por Justina. Os pais da donzela (já convertidos à fé Cristã também) concederam-na por esposa. Porém, Justina não aceitou casar-se. Aglaide recorreu a Cipriano para que o feiticeiro aplicasse seu poder, de modo que a donzela abandonasse a fé e se entregasse ao matrimônio.
Cipriano investiu a tentação demoníaca sobre Justina.
Fez uso de um pó que despertaria a luxúria, ofereceu sacrifícios e
empregou diversas obras malignas. Mas não obteve resultado, pois Justina defendia-se com orações e o Sinal da Cruz.
A ineficácia dos feitiços fez com que Cipriano
se desiludisse profundamente perante sua fé e se voltasse contra o
demônio, que lhe deixara na mão. Influenciado por um amigo cristão de
nome Eusébio, o bruxo converteu-se ao cristianismo, chegando a queimar seus manuscritos de feitiçaria e distribuir seus bens entre os pobres.
A Morte
As notícias da conversão e das obras cristãs de Cipriano e Justina, chegaram até o imperador Diocleciano que se encontrava na Nicomédia. Assim, logo foram perseguidos, presos e torturados. Frente ao imperador, viram-se “forçados” a negar a fé cristã: Justina foi chicoteada, e Cipriano açoitado com pentes de ferro. Não cederam.
Irritado com a resistência, Diocleciano ainda lançou Cipriano e Justina numa caldeira fervente de banha e cera. Os mártires não renunciaram, e tampouco transpareciam sofrimento. O feiticeiro Athanasio (que havia sido discípulo de Cipriano) julgou que as torturas não surtiam efeito devido a algum sortilégio lançado por seu ex mestre. Na tentativa de desafiar Cipriano e elevar a própria moral, Athanasio invocou demônios e magias, e atirou-se na caldeira. Seu corpo foi dizimado pelo calor em poucos segundos.
Após este fato, o imperador Diocleciano finalmente ordenou a morte de ambos. No dia 26 de Setembro de 304. Os mártires e um outro cristão de nome Teotiso, foram decapitados às margens do Rio Galo, na Nicomédia. Os corpos ficaram expostos por 6 dias, até que um grupo de cristãos recolheu-os, levando-os para Roma, e deixando-os sob os cuidados de uma senhora chamada Rufina. Já no império de Constantino, os restos mortais foram enviados para a Basílica de São João Latrão.
Curiosidades
- O fato mais curioso da vida de São Cipriano, é ele ter queimado seus manuscritos, e tempos depois os mesmos terem reaparecido como O livro de Capa Preta.
Ninguém sabe ou sequer imagina como ele reapareceu, mas foi traduzido
para vários idiomas, incluindo o nosso Português Brasileiro.
- O Livro é repleto de magias negras pesadas incluindo a Oração da Cabra Preta (Não me perguntem por quê essa oração é tão citada).
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