Chiara e as religiões, Pelo Mundo Março 2014
Em
Roma, na Aula Magna da Universidade Urbaniana, um testemunho unânime de
membros de várias religiões sobre o caminho de diálogo aberto por
Chiara Lubich. No dia anterior, a audiência privada de uma representação
inter-religiosa com o Papa Francisco.
“Quando estamos na escuridão e alguém acende uma luz, não perguntamos se esta pessoa é homem ou mulher, jovem ou ancião”, assim será com Chiara que “nos falará da luz que descobriu”. Tornaram-se célebres as palavras ditas pelo
Grande Mestre budista Ajahng Thong, em 1997, na Tailândia, durante a visita de Chiara Lubich a um mosteiro, convidada por ele.
A de hoje não foi apenas uma recordação, mas um passo para lançar-se rumo ao futuro,
enraizado na experiência aberta por Chiara Lubich, mas vivida por
muitos, para além das próprias diversidades. “Nós nos encontramos em
várias partes do mundo e descobrimos que podemos tornar-nos irmãos.
Somos chamados a continuar juntos este caminho e torná-lo realidade no
cotidiano. Um testemunho unânime, uma polifonia, a confirmação de uma
opção e de um compromisso comum” – afirmou Roberto Catalano,
corresponsável pelo Centro para o Diálogo Inter-religioso
do Movimento dos Focolares, diante da plateia de 500 pessoas reunidas,
entre as quais 250 que nos três dias anteriores haviam participado de um
congresso inter-religioso, em Castelgandolfo (Roma – Itália).
Uma representação de 20 pessoas, de oito religiões, encontrou o Papa Francisco antes da audiência geral do dia 19 de março: “Uma figura paterna que aumentava a fraternidade entre nós”, comentou a teóloga muçulmana iraniana
Shahrzad Houshmand,
que entregou ao Papa uma carta, em nome dos muçulmanos reunidos no
congresso organizado pelos Focolares. Nela está expresso “o profundo
amor e respeito pela Sua pessoa e pela mão estendida, várias vezes, aos
muçul
manos no mundo”.
Kala Acharya,
hindu, professora em Mumbai, contou ter acolhido com alegria o convite
do Papa a caminhar sem deter-se: “Também para nós, a alegria de caminhar
é mais importante do que aquela de chegar ao destino”. No final o Papa
pediu a todos: “Rezem por mim”.
Após a riqueza deste momento, o congresso
inter-religioso, abriu as portas para um evento público. A sede
escolhida foi a Pontifícia Universidade Urbaniana, uma academia
caracterizada pela atenção especial às culturas dos povos e às grandes
religiões mundiais. O título foi “Chiara e as religiões”, mas
poder-se-ia falar também de Chiara e os crentes de vários caminhos
religiosos. “Entre as suas grandes capacidades, talvez a que mais falou
ao nosso mundo foi a de saber dialogar” – afirmou a presidente dos
Focolares, Maria Voce. “Chiara havia intuído que o caminho da humanidade
podia ser diferente, direcionado à paz, mas com a condição de uma
radical mudança de mentalidade”, porque o outro “não apenas não é uma
ameaça, mas é uma dádiva”. Qual o seu segredo? Maria Voce
o explicou dizendo: “O amor, que ela, cristã, descobriu no Evangelho e
em Jesus, mas que encontrou também nos outros credos e culturas”. Uma
proposta que, dessa maneira, transforma um “potencial confronto de
civilizações em um verdadeiro encontro de homens e mulheres de culturas e
religiões diferentes”.
Reflexões sobre o impacto produzido pelo carisma de Chiara
no diálogo foram propostas pelo cardeal Arinze, ex-presidente do
Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, que conheceu
pessoalmente Chiara: “Os focolarinos e focolarinas são um povo em
caminho, em comunhão, em movimento. Vão à periferia: saem, encontram,
dialogam, escutam, colaboram”.
E finalizando,
uma série de depoimentos do mundo muçulmano, budista, hindu e judaico que revelou um poliedro de mil faces. O Dr.
Waichiro Izumita, japonês, budista
da Risho Kosei Kai, o monge tailandês Phra Thongrattana Thavorn, que
gosta de ser chamado pelo nome que, afetuosamente, lhe foi dado por
Chiara,
Luz Ardente. Ele contou sobre o seu primeiro
encontro pessoal com ela: “Fui envolvido pela sua pessoa, os seus olhos,
a sua simplicidade, o cuidado, o respeito por aquilo que eu sou, a
escuta profunda, pela indizível atmosfera… Ela falou-me da sua vida
cristã, do carisma da unidade… sinto-me, eu também, um filho seu, além
de que pela luz que recebi, pela paixão de difundir a luz da unidade
entre todos”. O
rabino David Rosen, de Jerusalém: “O
mandamento de amar a Deus pede-nos para seguir o exemplo de Abraão:
fazer com que Deus seja amado também pelos outros. Isso nós vemos no
Movimento dos Focolares”. Falaram ainda o
Imã Ronald Shaheed, da Mesquita de Milwaukee, um dos mais estreitos colaboradores do Imã W. D. Mohammed, e
Ahmar Al-Hafi, docente de religiões comparadas, na Jordânia:
“Chiara ajudou-me a entender o Alcorão em seus significados mais
profundos. Com Chiara entendi que o amor é a essência de Deus, e que a
religião do amor é uma só”. E
Vinu Aram, hindu, presidente honorária de “Religiões pela Paz”, contou ter conhecido Chiara ainda menina, porqu
e
era “amiga de seus pais”, e que descobriu a sua mensagem já adulta,
mensagem que a inspira constantemente no caminho para “construir um
mundo unido, um mundo onde cada um possa sentir-se em casa”.
“
Diálogo e profecia” de Chiara Lubich que continuam.
“Chiara tinha um sonho?”, perguntou uma jornalista a Maria Voce, que
respondeu: “O seu sonho, ela confidenciou uma vez, era levar a Deus o
mundo em seus braços. Nós procuramos ser os seus braços, para ajudá-la a
levar este mundo a Deus, todo unido”.