segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A Santissima Trindade Parte I

A doutrina fundamental das religiões da cristandade. Segundo o Credo de Atanásio, há três pessoas divinas (o Pai, o Filho e o Espírito Santo), sendo cada um destes, alegadamente, eterno, todo-poderoso, não sendo nenhum maior ou menor do que o outro, sendo cada um deles, alegadamente, Deus, e, não obstante, juntos um só Deus. Outras afirmações sobre esse dogma sublinham que estas três “Pessoas” não são entes separados e distintos, mas três formas nas quais existe a essência divina. Assim, alguns trinitários enfatizam sua crença de que Jesus Cristo é Deus ou de que Jesus e o Espírito Santo são Jeová. Não é ensinamento bíblico.
Qual é a origem da doutrina da Trindade?
The New Encyclopædia Britannica diz: “Nem a palavra Trindade, nem a doutrina explícita, como tal, aparecem no Novo Testamento, e nem Jesus ou seus seguidores tencionaram contradizer o Shema do Velho Testamento: ‘Ouve, ó Israel: O Senhor, nosso Deus, é um só Senhor’ (Deut. 6:4). . . . A doutrina desenvolveu-se gradualmente com o decorrer dos séculos, enfrentando muitas controvérsias. . . . Por volta do fim do 4.° século . . . a doutrina da Trindade tomou substancialmente a forma que desde então tem conservado.” — (1976), Micropædia, Vol. X, p. 126.
A New Catholic Encyclopedia diz: “A formulação de ‘um só Deus em três Pessoas’ não foi solidamente estabelecida, de certo não plenamente assimilada na vida cristã e na sua profissão de fé, antes do fim do 4.° século. Mas, é precisamente esta formulação que tem a primeira reivindicação ao título o dogma da Trindade. Entre os Pais Apostólicos, não havia nada, nem mesmo remotamente, que se aproximasse de tal mentalidade ou perspectiva.” — (1967), Vol. XIV, p. 299.
Em The Encyclopedia Americana lemos: “O cristianismo derivou-se do judaísmo, e o judaísmo era estritamente unitário [cria que Deus é uma só pessoa]. O caminho que levou de Jerusalém a Nicéia dificilmente foi em linha reta. O trinitarismo do quarto século de forma alguma refletiu com exatidão o primitivo ensino cristão sobre a natureza de Deus; foi, ao contrário, um desvio deste ensinamento.” — (1956), Vol. XXVII, p. 294L.
Segundo o Nouveau Dictionnaire Universel: “A trindade platônica, que em si é meramente um rearranjo de trindades mais antigas, que remontam aos povos anteriores, parece ser a trindade filosófica racional de atributos que deram origem às três hipóstases ou pessoas divinas ensinadas pelas igrejas cristãs. . . . O conceito deste filósofo grego [Platão, do 4.° século AEC] sobre a trindade divina . . . pode ser encontrado em todas as religiões [pagãs] antigas.” — (Paris, 1865-1870), editado por M. Lachâtre, Vol. 2, p. 1467. 
O jesuíta John L. McKenzie, no seu Dictionary of the Bible, diz: “A trindade de pessoas dentro da unidade de natureza é definida em termos de ‘pessoa’ e de ‘natureza’, que são termos filosóficos gr[egos]; na realidade, esses termos não aparecem na Bíblia. As definições trinitárias surgiram em resultado de longas controvérsias, em que estes termos e outros, tais como ‘essência’ e ‘substância’, foram erroneamente aplicados a Deus por alguns teólogos.” — (Nova Iorque, 1965), p. 899.
Embora, conforme reconhecem os trinitários, nem a palavra “Trindade” nem a declaração do dogma da Trindade se encontrem na Bíblia, será que se encontram ali os conceitos englobados nesse dogma? Ensina a Bíblia que o “Espírito Santo” é uma pessoa?
Alguns textos individuais que mencionam o espírito santo (“Espírito Santo”, Al) talvez pareçam indicar uma personalidade. Por exemplo, fala-se do espírito santo como ajudador (grego, pa·rá·kle·tos; “Consolador”, Al; “Auxiliador”, BLH) que ‘ensina’, ‘dá testemunho’, ‘fala’ e ‘ouve’. (João 14:16, 17, 26; 15:26; 16:13) Mas outros textos dizem que pessoas ficaram ‘cheias’ de espírito santo, que algumas delas foram ‘batizadas’ ou ‘ungidas’ com esse espírito. (Luc. 1:41; Mat. 3:11; Atos 10:38) Estas últimas referências feitas ao espírito santo definitivamente não se coadunam com uma pessoa. Para entender o que a Bíblia como um todo ensina, estes textos todos precisam ser considerados. Qual é a conclusão razoável? A de que os primeiros textos citados aqui empregam uma figura de linguagem, personificando o espírito santo de Deus, sua força ativa, assim como a Bíblia personifica também a sabedoria, o pecado, a morte, a água e o sangue. (Veja também as páginas 142, 143, sob o tópico “Espírito”.)
As Escrituras Sagradas nos dão o nome pessoal do Pai — Jeová. Elas nos informam que o Filho é Jesus Cristo. Mas, em parte alguma das Escrituras se dá um nomepessoal ao espírito santo.
Atos 7:55, 56 relata que Estêvão recebeu uma visão do céu, onde viu “Jesus em pé à direita de Deus”. Mas não diz ter visto o espírito santo. (Veja também Revelação 7:10; 22:1, 3.)

A New Catholic Encyclopedia admite: “A maioria dos textos do N[ovo] T[estamento] revela o espírito de Deus como sendo algo, não alguém; isto se vê especialmente no paralelismo entre o espírito e o poder de Deus. (1967, Vol. XIII, p. 575) Diz também: “Os apologistas [escritores cristãos gregos do segundo século] falavam com demasiada hesitação do Espírito; pode-se adiantar até certo ponto que o fizeram de modo impessoal demais.” — Vol. XIV, p. 296.

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